CARTA ABERTA: Sobre o “Posicionamento Institucional subordinado ao tema da vivência da afetividade e da sexualidade no programa educativo do CNE”,  enviado em 29/09/2023 [Circular: 04-CN-2023]

Senhor Bispo D. António Moiteiro,

Chefe Nacional, Ivo Faria

Assistente Nacional, Pe. Daniel Nascimento

Pe Luís Marinho

Caros Chefes, José Carlos – Chefe Regional

Fernando Cassola – Chefe Adjunto,

Assistente Cessante, Pe Manuel Augusto,

Membros da Junta Regional.

Caros Padres Assistentes dos Agrupamentos,

Chefes de Agrupamento da Região de Aveiro,

Pais e Mães de Escuteiros,

Cristãos.

Sobre o “Posicionamento Institucional subordinado ao tema da vivência da afetividade e da sexualidade no programa educativo do CNE”,  enviado em 29/09/2023 [Circular: 04-CN-2023] – (…) Este texto responsabiliza-me apenas a mim, como Assistente Regional, membro da Junta Regional de Aveiro. Por agora não sou capaz de reflectir melhor, pela pressão do tempo. É preciso dar uma resposta à Junta Central, creio eu. Fica o texto. Nosso (meu) silêncio é pecado de omissão perante a Verdade da Doutrina que professamos e queremos viver. Estou nomeado “precocemente” e “verde” por isso, com humildade, se tiver errado peço racionalmente que me mostrem onde e porquê. Cumprimentos, PPedro José

[1.] Sobre o “Posicionamento Institucional subordinado ao tema da vivência da afetividade e da sexualidade no programa educativo do CNE”, aprovado em 16-09-2023 pela Junta Central e enviado em 29/09/2023 [Circular: 04-CN-2023] para: Juntas Regionais, Juntas de Núcleo e Agrupamentos. Assinado por Ivo Faria, Chefe Nacional e Pe. Luís Marinho, Assistente Nacional. 

Na carta circular refere-se que “Com o projeto Entre Linhas pretendeu-se aprofundar, na complementaridade das diversas dimensões constitutivas da condição humana, uma reflexão cristã acerca da afetividade e da sexualidade no programa educativo do Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português (CNE). Plenamente conscientes da nossa pertença ao Movimento Escutista e à Igreja Católica, a Junta Central assume como guia para a ação do CNE os princípios que a seguir se propõem. Com estes princípios e orientações, que estão sempre abertos a novos aprofundamentos e melhorias, o CNE quer, com sensibilidade e criatividade, na fidelidade à sua identidade e missão e com acompanhamento indispensável dos seus adultos voluntários, melhor servir as crianças, adolescentes e jovens que lhe são confiados”. 

[2.] – No início salvaguarda-se que “Este texto e glossário devem ser entendidos na sua globalidade, não podendo isolar-se qualquer frase deste contexto”. Isto no âmbito da Afetividade e sexualidade no programa educativo do CNE”. Esta observação diríamos ‘metodológica’ é imbuída dum caracter que pede a suspensão da possível objetividade crítica do julgamento e raciocínio lógico e por isso não pode ser aceite. 

Este posicionamento institucional não respeita o programa educativo do Corpo Nacional de Escutas – Escutismo Católico Português (CNE). Não respeita porque não se identifica com a (a.) Sagrada Escritura, (b.) o magistério da Igreja, (c.) a reflexão teológica, concretamente a (c.1.) moral católica. Assume e identifica-se com a “Ideologia de Género” tirando as consequências diretas e indirectas, o que não está em comunhão com a doutrina católica e isso fere a comunhão com a própria comunidade eclesial onde o Escutismo Católico Português está inserido. 

[2.1.] Lembramos e assumimos, resumidamente, que: 

“Uma doutrina que separe o acto moral das dimensões corpóreas do seu exercício, é contrária aos ensinamentos da Sagrada Escritura e da Tradição: essa doutrina faz reviver, sob novas formas, alguns velhos erros sempre combatidos pela Igreja, porquanto reduzem a pessoa humana a uma liberdade «espiritual», puramente formal. Esta redução desconhece o significado moral do corpo e dos comportamentos que a ele se referem (cf. 1 Cor 6, 19). O apóstolo Paulo declara excluídos do Reino dos céus os «imorais, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes e salteadores» (cf. 1 Cor 6, 9-10). Tal condenação — assumida pelo Concílio de Trento [88] — enumera como «pecados mortais», ou «práticas infames», alguns comportamentos específicos, cuja aceitação voluntária impede os crentes de terem parte na herança prometida. De facto, corpo e alma são inseparáveis: na pessoa, no agente voluntário e no acto deliberado, eles salvam-se ou perdem-se juntos”[1]

[2.2.] Lembramos e assumimos, pelo Catecismo da Igreja, o melhor e mais fiel «Glossário» que temos como orientador da nossa reflexão e da nossa vivencia cristã, que: 

CASTIDADE E HOMOSSEXUALIDADE: [2357]. “A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atracção sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua génese psíquica continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves (103 – Cf. Gn 19, 1-29; Rm 1, 24-27; 1 Cor 6, 9-10; 1 Tm 1, 10.) a Tradição sempre declarou que «os actos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados» (104 – Congregação da Doutrina da Fé, Decl. Persona humana, 8: AAS 68 (1976) 95.). São contrários à lei natural, fecham o acto sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afectiva sexual, não podem, em caso algum, ser aprovados. 

[2358]. Um número considerável de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objectivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição. 

[2359]. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição cristã”[2]

[2.3.] Negamos a interpretação feita no posicionamento institucional [Circular: 04-CN-2023], no seu todo, mas particularmente, visível nas seguintes partes:  

c) crê no amor incondicional de Deus por cada uma das suas filhas e filhos, na verdade e singularidade da condição existencial de cada um (Cf. Is 43, 1.4), na qual se inclui também a orientação sexual; + Mais a entrada no Glossário: Orientação Sexual (…) 

k) acredita na riqueza do sacramento do matrimónio, fundado na relação homem-mulher, como lugar aberto à vida, reconhecendo, porém, que a vivência cristã do amor não se esgota neste tipo de união; + Mais a entrada no Glossário: Identidade pessoal (…)  

m) afirma que sexo biológico (sex) e dimensão sociocultural do sexo (gender) se podem distinguir, mas não separar radicalmente na construção da identidade (cf. Amoris laetitia 56). + Mais a entrada no Glossário SEX/SEXO ; Gender/Género; 

E na segunda parte do texto as alíneas, refutamos, particularmente, a), d) ; e); f) g) e h) + Mais a entrada no Glossário: Verdade das relações.

[3.] O documento institucional [Circular: 04-CN-2023] no seu todo e nas partes apontadas, enferma da contaminação da “ideologia de género”[3], fere e nega a validade do Decálogo como aplicação à vida humana, na afetividade e sexualidade, da Fé bíblica. Não se observam os “Princípios, nomeadamente, Iº e IIIº, e o Artigo 10º da Lei do Escutismo Católico”.  

A “Ideologia do género” acredita e professa obstinadamente que pode mudar a realidade da sexualidade se mudássemos as palavras (conceitos e “Novos Glossários” como neste documento se aceita e propõe). Só conseguimos encontrar a linguagem que nos é natural Homem (macho) e Mulher (fêmea), se seguirmos a Lei Natural que nos explica e responder ao acolhimento, livre, dos Valores, Regras, Princípios e Promessa – tudo em comunhão do pensar, sentir e agir, dos Mandamentos da Lei de Deus a e do Mandamento Novo de Jesus Cristo – que o Escutismo Católico (CNE) professa e vive todos os dias nos pelos seus Associados e nos seus Agrupamentos. Não haja lugar à confusão e afirmemos o «Caminho, a Verdade e a Vida» por que nos orientamos, nestes 100 anos! 

Junta Regional de Aveiro, subescrevem este documento: 

Pe. Pedro José, Assistente Regional [Nomeado: 25-07-2023] 

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Aveiro, 07 Outubro de 2023 


[1]Veritatis Splendor (1993) – Cfr. https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_enc_06081993_veritatis-splendor.html acesso, 07-10-2023. 

[2] Cfr. ARTIGO 6 O SEXTO MANDAMENTO: CASTIDADE E HOMOSSEXUALIDADE – https://www.vatican.va/archive/cathechism_po/index_new/p3s2cap2_2196-2557_po.html#ARTIGO_6_ acesso, 07-10-2023. 

[3] Leia-se com proveito crítico: (1) Luís Manuel Silva“A propósito do azul masculino e do rosa feminino… | Igualdade de género ou igualdade entre os sexos?” in http://teologicus.blogspot.com/2019/03/a-proposito-do-azul-masculino-e-do-rosa.html acesso, 07-10-2023; (2) Pedro Saraiva in FB [ https://www.facebook.com/pedro.saraiva.94/posts/pfbid0QT7kwPfhCJ7dX5NYwBF6DnQXXaWEpvQPR2mTv3pq6egHPqnfvXAFr5VwwuwuEeyml , acesso, 07-10-2023] – A IDEOLOGIA DO GÉNERO chegou ao CNE  – (Circular: 04-CN-2023; Data: 29/09/2023) – Ideologia de género (IG) não é a mesma coisa que igualdade de género, isto é, a justa e desejável igualdade de direitos entre homens e mulheres, O que é a IG? / A IG é uma corrente de pensamento, uma “teoria”, uma “perspectiva”… que defende que somos, quando nascemos, uma realidade neutra, indistinta, indefinida; que ser masculino ou feminino é uma mera construção social; que somos um simples produto da cultura dominante; / A IG promove a negação da natureza humana em matéria sexual; não há um homem natural nem uma mulher natural. Masculinidade e feminilidade são meras construções culturais, impostas às pessoas através do processo educativo e, por isso, devem ser desconstruídas; / A IG diz-nos que não existe uma verdade objectiva sobre o homem e sobre a mulher. Isto é, o Homem pode ser aquilo que ele quiser ser, independentemente do seu sexo biológico. / Esta corrente de pensamento é uma autêntica ideologia de natureza radical e totalitária, e está em total oposição à cosmovisão cristã acerca do homem, da mulher, da riqueza da sua complementaridade e igual dignidade. / Tudo isto começou a entrar de forma muito subtil nas nossas casas, nas nossas escolas, nas nossas vidas… e está agora, também, a entrar institucionalmente, no nosso CNE! / E não! Isto não é filme, isto não é ficção científica, isto é verdadeiramente assustador; isto está mesmo a acontecer! E o nosso CNE, está a ceder. Em vez de ser luz, em vez de ser sal, em vez de ser referência…  também está, qual “inocente útil” (quero crer), envolvido nisto! O CNE está a promover isto! Como é possível!? / Ou seja, os ideólogos da IG viram num movimento com a dimensão do CNE um meio muito atrativo e eficaz para promover e fazer penetrar a sua ideologia; uma ideologia intrinsecamente falsa, anti-Homem, que quer, precisamente, desconstruir a noção de “Homem”, de família, de igreja, de sociedade. E o CNE, qual “inocente útil” (quero continuar a crer), nas mãos de uma doutrina tão perniciosa, promove-a, alegando inclusão, acolhimento, abertura, não discriminação, etc. Lá está, mais uma vez, o recurso a uma das técnicas mais utilizadas de penetração da IG, que tem a ver, precisamente, com a deturpação e manipulação da linguagem; lá está! / E isto está mesmo a acontecer; isto não é ficção científica; tudo isto tem uma agenda política-ideológica clara e muito bem definida, com o sentido último de destruição da família e da Igreja, tal como agora as conhecemos! / Atualmente, como consequência deste discurso totalmente irresponsável (no mínimo) … já é, para crianças, adolescentes, e jovens, perfeitamente normal, “apresentarem-se” como bissexuais, homossexuais, lésbicas (a experiência na escola mostra-nos isso)…  e fazem-no numa atitude, frequentemente, quase leviana, como se tudo fosse o mais natural, o mais normal, e até o comportamento mais desejável e saudável, a ter. Passou-se do 8 ao 80, passou-se da errada e lamentável discriminação, para a promoção e o incentivo explícito de tais comportamentos. / Quanto sofrimento não se está a promover com esta atitude? / Quantas dúvidas, solidão, auto-exclusão e isolamento… não se está a fomentar nas pessoas? / Por detrás desta “fantasia” há crianças e jovens em profundo sofrimento, que não se conseguem conhecer, definir, assumir…  / Por detrás desta “fantasia” há crianças e jovens que vivem num conflito interior com aquilo que é a sua identidade, a sua realidade física e espiritual, a sua relação com Deus e com os outros; / Claro que é preciso saber acolher, ajudar, e acompanhar… mas é também necessário e urgente dizer a Verdade! Dizer a Verdade sobre o que é o Homem! / Caros dirigentes, / Caros Assistentes, façamos alguma coisa! / Não se trata de teoria da conspiração, está mesmo a acontecer! / pedro saraiva” 

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