O Valor do Outro – Manifesto VIDA 24′

O Valor do Outro – Manifesto VIDA 24′

Manifesto VIDA 24′

O Valor do Outro

A civilização ocidental foi crescendo na consciência do valor do outro.

A afirmação de que cada ser humano, independentemente da sua condição, dos seus actos, da sua etnia, do seu desenvolvimento, da sua riqueza, tem a mesma dignidade do que eu, é o pilar sobre o qual a nossa civilização foi construída. E ainda hoje estão vivos, aqueles, que podem testemunhar o resultado de uma sociedade onde essa realidade é negada, como tantas vezes foi no séc. XX.

Nas últimas décadas, sob o manto e o pretexto da liberdade pessoal e da autonomia, foi crescendo a cultura do individualismo que hoje parece ser dominante; uma cultura que em nome da autonomia descarta qualquer verdade, moral, ética, até a própria realidade, impondo como único critério o “eu”. Nesta sociedade o outro deixou de ter a mesma dignidade que eu, para passar a ser tantas vezes visto como um empecilho à minha liberdade e à minha autonomia, pecado máximo do credo contemporâneo.

A Vida Humana é Inviolável

Esta realidade é especialmente visível no aborto onde o valor da vida por nascer é subjugado à liberdade de quem a está a gerar.

Em pouco casos, a perversão do conceito de liberdade é mais patente do que no aborto. É indiscutível que a Vida Humana, única e irrepetível, começa na concepção. É uma realidade biológica comprovável. Mas, para aqueles que defendem o direito ao aborto para que a Vida tenha proteção jurídica não basta que exista, tem de ter um conjunto de qualidade subjetiva, que varia conforme a sensibilidade subjetiva de cada um.

Assim, em nome da autonomia da mulher, nega-se a vida por nascer, a dignidade inerente a todo o Ser Humano. E as consequências estão à vista: mais de 260 mil abortos legais, sendo que uma em cada cinco gravidezes termina em aborto, um em cada três abortos é uma repetição. Só em Portugal.

Outras das facetas da cultura do individualismo que o aborto demonstra é o abandono das mulheres, sobretudo das mulheres mais pobres. O aborto livre é uma arma de opressão das mulheres em situação mais frágil, que se vêm empurradas para o aborto pelo patrão que não quer perder produtividade, pelo companheiro que não quer ter responsabilidades, pela família que não quer escândalo, pela sociedade que não quer ajudar a criar um bebé pobre, ou portador de defi-ciência, ou sem família.

Também a eutanásia é fruto desta cultura do individualismo. Disfarçada sob a capa de autonomia pessoal, a experiência dos países onde a morte a pedido foi legalizada mostra que esta é uma forma de a sociedade se desresponsabilizar pelos que estão a sofrer e dependentes.

Ninguém propõe legalizar a morte daqueles que pedem para morrer mas estão saudáveis e produtivos. Só se defende a morte daqueles para quem garantir a sua dignidade dá trabalho e custa dinheiro, sem que eles possam retribuir.

O pedido de eutanásia é um clamor: por cuidado, por amor, por respeito, por acolhimento. O grito daqueles que a sociedade olha de soslaio e sussurra já estarem a mais…pede para morrer quem foi abandonado à sua doença e ao seu sofrimento. Num país onde, em média, quatro idosos são vítimas de violência diariamente, onde mais de 75% da população não tem acesso a cuidados paliativos, onde o Serviço Nacional de Saúde não é capaz de responder atempadamente a tantos problemas de saúde, incluindo de saúde mental, legalizar a eutanásia não é respeitar a autonomia pessoal, é desresponsabilizar a sociedade pelos que mais sofrem e estão mais frágeis.

Família, Célula Base da Sociedade

Poucas realidades são tão opostas ao individualismo como a família, porque poucas realidades, como esta, provam de maneira tão evidente que o Ser Humano é dependente. Numa cultura centrada no “eu”, a família é um “nós” insuportável. Por isso hoje assistimos à destruição da família, não apenas a nível cultural, mas também a nível jurídico. O Direito da Família já não existe para proteger a família da intromissão do Estado mas para dar poder ao Estado de “defender” os elementos da família uns dos outros.

Esta mudança de paradigma relativamente à Família tem consequências desastrosas. A família é o primeiro espaço de liberdade e o último reduto contra a tirania do Estado. A Família é a realidade que antecede o Estado e a Sociedade, é a Família que cria a Polis e não o inverso.

A destruição de família como realidade social fragiliza cada pessoa, sobretudo as que estão em situação de maior fragilidade. Quantas mulheres abortam por não ter apoio familiar? Quantos pedem para morrer por não terem uma família que cuide deles? Mais ainda, quantas crianças vindas de famílias destruturadas, ficam entregues à cultura do momento, acabam sós, escravas da mentalidade dominante e sem qualquer refúgio?

Liberdade

Persiste hoje uma confusão entre individualismo e liberdade individual, como se de alguma forma, a liberdade individual fosse a possibilidade de moldar a realidade à nossa vontade. A máxima hoje em voga, de que há tantas verdades quantas pessoas, significa no fundo, que só é verdade, só é realidade, aquilo que eu assim considero. E se de alguma forma a realidade me limita, então, eu não sou livre.

A aplicação prática deste princípio não resulta numa maior liberdade, pelo contrário, resulta numa tirania onde quem tem mais poder impõe a sua verdade, mesmo que essa seja contrária à realidade. E quem discorda deve ser silenciado, punido, reeducado, em nome da “liberdade”.

Em Portugal este princípio tem sido especialmente visível na Liberdade de Educação e na Objeção de Consciência.

Hoje, as crianças estão sujeitas, na escola estatal, a uma única visão sobre a sexualidade e o género, sem que os pais tenham qualquer possibilidade de escolha.

Temos também assistido nos últimos meses a uma campanha mediática incessante contra o direito à Objeção de Consciência, sobretudo, relativamente ao aborto.

Em nome de supostos direitos individuais impede-se um direito de cada um à sua livre consciência, catalogando toda e qualquer objeção a estas novas doutrinas como discurso de ódio.

Solidariedade

A cultura do individualismo significa também cada vez mais uma incapacidade de fazer qualquer sacrifício pelo bem do outro. Esta cultura nota-se na sociedade, nas empresas, e até nas próprias famílias. Se o problema do Outro é um inconveniente para mim, então esperamos que alguém, que não eu, resolva o problema.

Por isso são cada vez mais as mulheres grávidas que não têm qualquer apoio para o filho que esperam, as famílias que não têm ajuda para criar os filhos, os doentes abandonados à sua sorte, e tantas outras situações de fragilidade que não encontram qualquer resposta.

Não é de espantar, por isso, que uma grande maioria das mulheres que recorre ao aborto o faça por não ter quem a apoie na gravidez. O aborto é mais barato e dá menos trabalho do que ajudar uma mãe, sobretudo ao Estado, que hoje é o resultado desta cultura.

Responsabilidade Política

O individualismo é antes de mais um problema cultural e não político. Mas a política também faz cultura, molda a sociedade e forma mentalidade. Por isso o problema é também um problema político.

Urge uma política que volte a reconhecer o valor do Outro, que afirme com clareza que cada Pessoa tem um valor único e objetivo. E o primeiro passo para esse reconhecimento é voltar a recordar o valor da Vida desde a conceção à morte natural. Se fazemos depender o Direito à Vida, de uma fase concreta de desenvolvimento, da sua capacidade ou da sua saúde, como iremos reconhecer-lhe qualquer outro direito? Se nos achamos de tal forma donos da vida que podemos decidir quando ela começa e acaba, o que nos impede de decidir sobre outros direitos?

Esta responsabilidade política, de voltar a reconhecer o valor do Outro, começa pelo voto. Na hora de votar temos o dever não apenas de o fazer, mas de o fazer em consciência, procurando eleger deputados que defendam o Direito à Vida.

Neste momento político isto exige de cada um empenho não apenas em conhecer o programa eleitoral dos partidos mas, também, de conhecer os candidatos a deputado do seu distrito. Não nos podemos esquecer que, nas questões estruturantes da sociedade, são muitas as vezes em que os partidos ignoram a sua base eleitoral, entregando a decisão à consciência dos deputados. Isto obriga-nos a um trabalho sério de conhecer o que pensam os candidatos em cada distrito sobre um conjunto de questões que são essenciais para voltar a construir uma cultura da vida. Eis algumas das questões fundamentais para ponderar na hora de escolher os próximos deputados:

ABORTO: Qual a posição relativamente ao aborto legal? É contra o alargamento dos prazos legais do aborto? É favorável ao direito à objeção de consciência dos pro­ssionais de saúde nos processos de aborto?

EUTANÁSIA? Qual a posição relativamente à eutanásia? É a favor da revogação da lei? Se o Tribunal Constitucional voltar a julgar a lei inconstitucional irá votar favoravelmente um novo projeto?

FAMÍLIA: Que medidas propõe de apoio à família? Qual a posição sobre medidas de apoio às famílias numerosas? O que defende para incentivar a natalidade? Que medidas propõe para as famílias poderem apoiar os seus doentes e idosos?

LIBERDADE DE EDUCAÇÃO? É a favor das famílias poderem escolher livremente a escola dos filhos? Apoia o direito dos pais a recusaram que os filhos tenham aulas de educação sexual ou de cidadania? Qual a posição sobre o ensino doméstico?

SOLIDARIEDADE? Que medidas propõe para apoiar as grávidas em dificuldade? Que medidas propões para expandir a rede de cuidados paliativos e continuados? Qual a posição sobre a criação de uma rede de Centros de Apoio à Vida? Que medidas propõe para combater a pobreza?

Manifesto VIDA 24′

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FONTE: https://www.federacaopelavida.pt/_files/ugd/a6f29e_113f61603b07401fab51b5fbe27d33f7.pdf

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