calado como na missa ?!

calado como na missa ?!

“Chamo liberdade à minha ignorância do destino; e destino ao meu ignorar da liberdade”.  Agostinho da Silva (1906-1994, filósofo e ensaísta português) in Público, 26-07-16.

[No contexto de receber o troco ao balcão… no almoço de 3 trabalhadores]

[1ªvoz – gerente] – Fica por 20,20 euros… fica por 20,00 euros certos.

[2ªvoz – cliente] – 0,20 cêntimos já dá para pôr de oferta na missa…

[3ªvoz – cliente] – 0,20 cêntimos não chega para nada, a pintura da Igreja é mais de 100.000 mil!

[2ªvoz – cliente] – o resto que ponha o Padre, que também ganha!?

Eu ouvia – calado como na missa?! – e aguardava a vez para pagar o meu almoço-refeição – na escolha da ementa económica: 6,00 euros – num restaurante implantado na Gafanha da Nazaré. Não longe da nossa Igreja Matriz. Suspeito que não falavam assim… Sabendo que eu era padre, residente e trabalhador, na paróquia, e estava ao seu lado no balcão do pagamento. Sabendo ou não. Não fiz “alarme” de nada… Falar o quê? Deus é Silêncio. Tornei a mastigar, por dentro, a comida que me foi excelentemente servida. Agora sem serviço às mesas repartidas.

“A Deus” (talvez) damos as sobras-que-houver-para-dar e “de Deus” queremos (sempre) receber o crédito infinito, sem juros! O diálogo foi assim reproduzido, sem acinte, porém transcrito na forma mais curta e menos fina. Trabalho como todos os trabalhadores e vivo do trabalho como todos os trabalhadores. Nunca conseguiremos vencer a Deus em Generosidade! Hoje morreu (na verdade, foi assassinado) um padre-pároco, atacado junto dos seus paroquianos[1], lá “longe” em França, vítima, entre infinitas vítimas, da “nossa” atualidade Violenta… a cruel anti-aliança do Daesh(?!). O Horror Impuro e Injusto do Mistério da Iniquidade! Um dos Piores Males: “0” verdadeiro Deus estar/ser silenciado!

O Mar (da vida e na analogia…) é de Deus; o Mar também é o “próprio” Deus… No mínimo somos, ou poderemos, ser um veleiro magnífico, de velas abertas ao vento… manobrado em equipa, diversa e unida. Esperamos um bom porto. Pelo meio mendigamos e mendigamos, tudo o que temos e fazemos, para dar um-pouco-menos-que-nada-a-Deus. Não deveria ser assim. Se fosse realidade pintava todas as Igrejas (reais e virtuais): as igrejas “velhas”…; as igrejas “esquecidas”…; as igrejas “bombardeadas”…; as igrejas “desqualificadas: para dar lugar a restaurantes / hotéis / bibliotecas; ou “não-lugares” inqualificáveis…; todas as Igrejas seriam pintadas de Branco: a cor da Paz e da Esperança, na Humanidade Renascida. «O Barulho não faz Bem! O Bem não faz Barulho!».

Por: Pedro José, Gafanha da Nazaré/Encarnação/Carmo, 26-07-2016. Caracteres (incl. espaços): 2898.

[1] Na igreja de Saint Etienne de Rouvray (França): “Lá fizeram cinco reféns, incluindo o padre assassinado e duas freiras. Alguns órgãos adiantam que uma pessoa conseguiu fugir, alertando as autoridades, que de imediato cercaram o local.”, in FONTE: https://www.publico.pt/mundo/noticia/suspeita-de-sequestro-armado-numa-igreja-em-franca-1739420?frm=ult , acesso: 26-07-2016.
Esta entrada foi publicada em Apontamentos, Cultura, ENSAIOS, Incontinências com as etiquetas , , , , , , , , . ligação permanente.

Deixe um comentário