O hino à Caridade da Proximidade:
“viram e não passaram ao lado”.
Às fundadoras da Obra da Providência:
Maria da Luz Rocha e Rosa Bela Vieira.
Um acontecimento, que ultrapassa as nossas vidas históricas, está a ser vivido na freguesia e paróquia da Gafanha da Nazaré: o falecimento de Dona Maria da Luz Rocha (17-11- 1922 // 04-10-2016). A sua vida inteira gasta para os outros. Os mais frágeis. Os mais pobres. Os mais desprotegidos de todas as seguranças. É a sua pequena luz que irradia para a pergunta cruel que nós crentes e descentes (ou menos crentes, ou crentes de outro modo…) fazemos no íntimo da Consciência: “Se Deus É Bom porque sofremos?” Dona Maria da Luz era, e é, a resposta no princípio feito acção. A providência para além da realidade física: «nada me faltará». A metafísica do amor feita proximidade. Modo criativo e responsável.
A sua Vida está sem comentários. Impõe-se por si mesmo. Ela comenta a nossa vida vulgar, sem julgamento. Pela sua invulgaridade: quando falo e ouço, melhor ouço, e novamente, às vezes, repetidamente (a mesma história/factos têm aprofundamentos ocultos…), os familiares…, os amigos… e conhecidos: a sua vida inteira transparece como Serviço Público. Sem meter no bolso as convicções cristãs mais genuínas. “Uma vida boa não é uma boa vida”. Todos sabemos e queremos acreditar na Conversão. Mas há pessoas que vivem na conversão da fidelidade diária: sempre e mais. Estes exemplos perduram e fazem “o” Bem para além das palavras usadas e do silêncio primordial.
A primeira Carta aos Coríntios de S. Paulo, vem à Memória como avaliação e gratidão: «já» quase cumpridas, na nossa fragilidade de Barro e Carne. O difícil tema da “Comunhão dos Santos” e do pensamento/obra social da Igreja, como um corpo comunitário. Realiza-se agora e para sempre mais. Nas suas palavras e obras: “Eu estou às ordens do Senhor e rezo… Sabendo que, se pusermos mais coração em tudo o que fazemos, Deus providenciará os resultados” (Maria da Luz). O Deus dos Milagres. O Deus de Surpresas. O Deus do quotidiano profano e sagrado. O Deus da Providência. Tem um rosto, uma rua, uma história, uma família, está entre nós, e nós todos disfrutamos da sua Presença. A Profecia da sua vida possa converter a nossa Vida numa obra de Esperança, Justa e Pacífica, para Todos.
Pe. Pedro José, Gafanha da Nazaré/Encarnação/Carmo, 05-10-2016.
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