O outro filho – por José António PAGOLA: comentário Lc 15,1-3.11-32

 

 

O outro filho por José Antonio Pagola(*)

 

 

 

[Comentário: IV Dom Quaresma – Ano – C: 14-03-2010]

 

 Dedico: Aos filhos (as) expulsos (as) de casa!

 

 

Ler: Lucas 15,1-3.11-32

 

 

Nesta parábola

– narrativa universal – Percebemos:

a) Posição: Pai;

b) Contraposição: Filho mais Novo;

c) Imposição: Filho Mais Velho;

d) Recomposição: Pai.

Não precisamos de guia,

só basta a Honestidade do Confronto.

 

 

“Sem dúvida, a parábola mais cativante de Jesus é a do “pai bondoso”, erradamente designada, “parábola do filho pródigo”. Precisamente este “filho mais novo” sempre atraiu a atenção dos comentadores e pregadores. O seu regresso a casa e o acolhimento incrível do pai sensibilizaram todas as gerações cristãs.

 

Mas também fala a parábola do “filho mais velho", um homem que permanece com seu pai, sem imitar a vida desordenada de seu irmão fora de casa. Quando o informam da festa organizada por seu pai para acolher o filho perdido, fica irritado. O regresso do irmão não o faz feliz, como seu pai, mas sente raiva "indignou-se e negava-se a participar” na festa. Ele nunca tinha abandonado a casa, mas agora se sente como um estranho entre os seus.

 

O pai saiu para convidá-lo com o mesmo carinho com que acolheu o seu irmão. Não grita nem dá ordens. Com amor humilde "tenta convence-lo" a entrar na festa de recepção. Então o filho explode revelando todo o seu ressentimento. Ele passou toda a vida a seguir as ordens do pai, mas não aprendeu a amar como ele ama. Agora só sabe exigir os seus direitos e denegrir o seu irmão.

 

Esta é a tragédia do “filho mais velho”. Ele nunca saiu de casa, mas seu coração sempre esteve muito longe. Sabe cumprir mandamentos, mas não sabe amar. Não entendo o amor de seu pai por aquele filho perdido. Ele não aceita nem perdoa, não quer ter nada a ver com seu irmão. Jesus conclui a parábola sem satisfazer a nossa curiosidade:  participou na festa ou ficou de fora?

 

Envolvidos na crise religiosa da sociedade moderna acostumamos-nos a falar de crentes e não crentes, de praticantes e de afastados, de casamentos abençoados pela Igreja e de casais em situação irregular… Embora continuemos a classificar os seus filhos, Deus ainda está à espera de todos, não é de propriedade dos “bons” ou dos “praticantes”. É Pai de todos.

 

O “filho mais velho" é uma provocação para aqueles que vivem com ele. O que estamos fazendo nós que não abandonamos a Igreja? Garantir nossa sobrevivência religiosa observando “o recomendável”, ou testemunhar o grande amor de Deus a todos os seus filhos e suas filhas? Estamos construindo comunidades abertas que sabem compreender, acolher e acompanhar aqueles que buscam a Deus entre as dúvidas e questionamentos? Nós levantamos barreiras ou fazemos pontes? Nós oferecemos a amizade ou os olhamos com preconceito?”

 

(*) AUTOR: José Antonio Pagola. FONTE: http://blogs.periodistadigital.com/buenas-noticias.php/2010/03/08/p266260#more266260

, acesso: 11-03-2010. Obs. A tradução livre é da nossa responsabilidade.

 

 

 

 

“A coragem desapareceu da nossa raça e se calhar nunca a tivemos realmente. O temor à sociedade, que é a base da moral, e o temor a Deus, que é o segredo da religião, são as duas coisas que nos governam.” – Oscar Wilde, in “O Retrato de Dorian Gray” – Pedro José. [Ano Sacerdotal – Entre Aspas, nº12].

 

POR: Pedro José, Chapadinha, 11-03-2010. Caracteres (espaço incluídos): 3077.

 

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